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transeuntes.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Princesa "black" da Disney.

Há alguns meses atrás foi lançado pela Disney Interprises o filme "A Princesa e o Sapo" não tenciono e nem preciso explicitar aqui o contexto e descrever o enredo do filme, creio que todos possam imaginar certo? O que é interessante é a iniciativa de uma das maiores produtoras de desenhos e filmes americanos em lançar uma princesa preta para compor o quadro de princesas já existentes nos arquivos Wall Disney. Mas qual o contexto dessa iniciativa é que não sabemos ou melhor podemos imaginar qual seja, será que pode haver uma lógica mercadológica?

Hoje a Tia Bete veio nos visitar pela manhã, e trouxe para a Elisa um livro ilustrado de figurinhas sobre esse filme e foi inevitável a mim e a Tia não fazermos uma menção crítica aos acontecimentos e ao álbum de figurinhas e constatar que dessa vez eles acertaram nas características fisionomicas e não apenas deixaram as características físicas de uma pessoa branca mudando apenas a cor da pele no Paint Net ou em qualquer outro programa mais sofisticado que esse, assim como a Mattel faz com as Barbies.

O nome da princesa é Tiana (talvez um derivativo de Sebastiana), mora em Nova Orleans e ela adora cozinhar tendo o sonho de abrir um restaurante (assim como o pai que é cozinheiro; sua mãe é costureira). Isso lhes diz algo? tipo mulheres pretas desde sempre na cozinha, nas senzalas cozinhando para os Massas e Missis e hoje na contemporaneidade sendo 'secretárias do lar' - ou no bom português diaristas e empregadas domésticas - assim como os burgueses adoram chamá-las, cozinhando para eles?

Talvez tenham acertado na fisionomia e característica dos negros, pois a princesa realmente as têm: boca carnuda, olhos puxados, pele preta, nariz "chato", formato do rosto e cabelos volumosos simulando um cabelo crespo bem como o Sapo que mesmo sendo sapo têm as características singulares de um homem negro: ginga e malemolência, sorriso largo, cativante e sedutor, dentes grandes e brancos mas quando vira o príncipe Naveen, depois do beijo dado pela princesa, o sorriso continua o mesmo entretanto a cor da pele embranquecida, nariz mais fino e os cabelos são lisos, um pardo, uma pena! preferia imaginá-lo um negro de pele retinta. Ressalto, acertaram em alguns aspectos e falharam ao deixar essas outras realidades subliminares.

E como não poderia faltar a melhor amiga da princesa a menina Charlotte é branca e sonha em se casar com um príncipe. É mais ou menos assim: a negrinha acompanhante da Missis que a tem como sua dama de campanhia em tempos ídos, hoje temos isso como "integração das raças" e como podem ver ela não sonha em passar a vida inteira cozinhando.

"Já é um começo" alguns podem dizer. "Séculos atrasado, convenhamos" eu digo. Uma vez que foi preciso para tanto a escravidão, morrer Martin Luther King e Malcom X, Nelson e Winnie Mandela serem presos e exilados, todos os Panteras Negras serem açoitados e mortos, Barack Obama ser presidente dos EUA e tantos outros terem lutado pela libertação e emancipação dos negros e por seus direitos, foi preciso tudo isso para que lançassem na mídia uma princesa preta e não somente por questões raciais mas por fins comerciais. Ademais, outras questões levantadas sobre o assunto ficam por sua conta e risco caro amigo leitor.

20 comentários:

Naiane disse...

Naiane diz:
puts! ano passado quando vi o protótipo da princesa em um jornal qualquer logo imaginei que a história seria mais ou menos assim...

Naiane diz:
e gostei do seu texto, fecho com você, não acho que seja um começo...os caras estão é atrasados, isso sim!

Naiane diz:
além de esperarmos um eternidade pra ter uma porra de princesa preta, ela vem sem o "nosso" princípe... sem nossas amigas...sem nossa vivência

Naiane diz:
e o que mais vamos ouvir é esse lance que vc escreveu logo no início: já é um começo...

Naiane diz:
odeio essa justificativa pra aceitar as migalhas...

Naiane diz:
e falam isso pra protagonista da novela que é preta mas é rica e só convive com branco...

Camilla Dias Domingues disse...

aê Naiane não disse que ia recortar e colar seus comentários do msn... kkkkkkkk...

T. disse...

A ideologia é uma coisa complicada, né? Tipo, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come: faz-se o filme, tomam-se os cuidados pra não repetir os estereótipos já denunciados pelo movimento, mas aí vêm e reproduzem outros. A coisa é muito naturalizada.
Eu tinha ouvido falar neste filme desde a eleição do Obama, e me disseram que foi mesmo intencional. Gostei muito do texto.

Raul disse...

eu havia me atentado pouco a esse lançamento, pensando apenas na questão financeira deste lançamento.

como foi comentado, uma princesa sem as nossas vivências, é pouco, ainda

pollicino disse...

The movie is beautiful.Hallo.I have visited your interesting blog.Do You want visit the my blog for an exchange visit?Grazie.
http://internapoli-city.blogspot.com/

Unknown disse...

É isso aí Camila, a mudança é lenta mais ocorre! Será que tem a ver com o Barack Obama??
Assista este curta-documentário é simplismente fantástico!
Chama-se: Vista Minha Pele
http://www.youtube.com/watch?v=fNssyjM3_Y8

Vanderlei disse...

olha Camilla, acho que vc está muito crítica, os caras descobriram a raça negra agora, portanto vai demorar ´seculos pra entender a cor da pele, o cabelo, os beiços grandes, os braços fortes, as amas de leite, então os caras erraram ainda e muito qdo falarem sobre sobre negros e afrodecendentes, não acha?

mas, não é por isso que devemos nos conformar e sim meter a bocarra no trombone sim!

vander

Anônimo disse...

Rsrs... vc escreve muito bem... Com relação a questões raciais não saberei comentar muito, pq pra mim elas não deveriam existir, pois penso que somos todos filhos do mesmo Pai, portanto irmãos... e iguais... As diferenças deveriam ser vistas como qualidades!!! mas ai vai do grau de evolução de cada espírito... Beijo sua linda!!!

Unknown disse...

Para mim é um contentamento descontente, muito legal que hoje exista bonecas negra para que nossa filhas se identifiquem e tbm é um meio de se evitar o preconceito desde cedo, pois qual menina negra que gosta de seu cabelo, creio eu que se identificando isso venha a mudar, mas o que me incomoda profundamente e me deixa muito emputecida é que sempre acha- se uma forma de miscigenar, ou melhor embranquecer a nossa raça, como se isso tivesse q se estinguir: A princesa é negra, massssssssssss: o principe pardo e a melhor amiga branca.

Poxa será mesmo q na visão dos brancos é tão ruim ser negro ?!

Doce e infeliz ilusão a deles, pois ser negro é maravilhoso e concordo q a princesa deveria ter um lindo principe negro ao seu lado, mas ja fico "contente" em haver uma princesa NEGRA...pelo menos ja é o começo né ?!!!

FABIO E. DE SOUZA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
FABIO E. DE SOUZA disse...

Não consigo falar sobre preconceito racial na verdade odeio que esse assunto seja discutido pois não enchergo ninguém com qualquer tipo de diferença,seja de cor,seja de preferencia sexual,seja qualquer coisa relacionada a preconceito,mas já que estou aqui vou deixar meu palpite,isso foi pura jogada de marketing com o famoso presidente do imperialismo mundial,na boa por mim poderiam jogar mais uns 20 aviões lá!!!!

:: Soul Sista :: disse...

Desde que estreou esse filme/desenho, tenho pensado em ir ver, mas ainda não consegui, justamente para ver o que há de interessante e de ruim nas representações.

Adorei o seu comentário crítico. É realmente pouco, muito pouco. Para nós, é muito fácil detectar uma perspectiva branca, porque, geralmente, nos enredos sentimo-nos fora do lugar. Príncipe de pele branca, pra quê? Tem avanço, tem atraso, muito atraso e tem retrocesso.

Em tempo de Obama, o filme não trata meramente de uma princesa negra, mas de uma princesa negra na era da integração racial. Balela, balela, balela!

Não compro essa mesmo! Vou ver o filme já com as suas observações na cabeça.

Um grande beijo

Raquel Quintino disse...

Eu assisti ao filme ontem e realmente contém elementos que respeitam as questões étinicas e históricas, o único senão é satinazar o Vudu associar as máscaras africanas à espíritos do mal.

Camilla Dias Domingues disse...

Elson eu já vi esse curta e até passei para os meus meninos, gera uma boa discussão!

Raquel bem lembrado! um abusrdo, por isso eu digo eles pecam ao querer fazer e mostrar algo que não conhecem, distorcem o que na verdade é divino, enfim...

beijos a todos e todas!

Unknown disse...

sinceramente, acho q a disney não poderia fazer nada muito além disso... está fora da realidade de uma megacorporação como essa pensar a questão racial com outra ótica que não a do mercado, o 'american way of life' avanço? sim, um passo à frente pra nós... e 10 pra eles.

Carol disse...

Infelizmente a falta de cultura de muitas pessoas brancas q se julgam "As melhores", gera isso...a igualdade fica longe da realidade...como se o tom de pele interferisse na forma de ser e pensar das pessoas...

Tha L. disse...

Camila, legal q me deu o toque sobre esse post pois não estava sabendo do lançamento desse filme... antes de mais nada gostei bastante do seu texto, mesmo sem ter visto o filme já dá pra ter uma noção do teor e ver os aspectos que já seriam inclusive previsíveis numa produção disney... embora ache que o fato das meninas, brancas ou pretas, terem como modelo de inspiração de vida as histórias de princesas já seja um grande problema (afinal o objetivo de toda menina tem que ser achar um príncipe e casar?? já acho questionável desde aí...)... e encare a inserção de uma princesa preta em uma história da disney como um pequeno avanço... imagino que isso tenha ocorrido nesse momento não apenas por motivos étnicos, mas também econômicos...me parece que uma possível mensagem é que agora as meninas pobres e pretas também podem "sonfhar"... isso refletindo alguns poucos avanços em relação à mobilidade sócio econômica que tem sido possível para alguns negros, que começam a aparecer na vida pública, "subir na vida"...esses desenhos sempre são uma forma distorcida da própria realidade... mas enfatizo, distorcida, pois eles vão moldar as aspirações da princesa ao "statuos quo" burguês, (ou medieval? essa confusão com princesas é tão arcaica! rs) acho que nem daria pra esperar uma produção mais radical que isso na disney... lembrei da pocahontas, a índia que é "civilizada"...enfim, várias idéias soltas, mas é uma boa discussão!! valeu por puxá-la camila! beijo!

Dárcio Argento disse...

oi, é eu achei que é foi um tanto na onda da Obamania, os conglomerados nunca dão ponto sem nó. Mas nesses casos eu sempre vejo uma vitória das demandas sociais e democratizantes, uma vitória mesmo, não de Pirro. No entanto não dá pra esperar dos entes do Capital atitudes mais progressistas. Isso deveria encorajar os movimentos, as pessoas, enfim, a aprofundar suas reinvindicações, levá-las o mais longe possível, 'vanguardiar', o mercado, por sua vez, estará sempre a reboque, em atraso porposital, a sociedade do consumo com um todo

Priscila Moreno disse...

São tantas questões, né?
Eu tô aqui com uma mega pista de carrinhos na sala, meu filho ganhou da avó. Eu, que sempre dei brinquedos de madeira, bonecos, jogos, tô aqui, vendo meu filho brincar de maluf com um revólver na mão que dispara os carrinhos ainda por cima.
Quero dizer com isso que nosso trabalho é diário, cotidiano, nas coisinhas pequenas e aparentemente sem importância.
Às vezes, ser mãe significa sair por aí limpando a sujeira dos outros. Eu evito pensar muito nisso, por que me sinto um pouco quixotesca. Mas acho que é isso, né? A gente tenta limpar a sujeira que o mundo deixa pros nossos filhos, e a gente tenta fazer com que nossos filhos não deixem tanta sujeira pro mundo no futuro...

GIL ROSZA disse...

Parece que tudo no final acaba sendo mesmo uma questão de mercado. Disney é Hollywood e Hollywood é business. Nessa batida, acredita-se que uma princesa vende mais se tiver os traços pouco negros e o cabelo da Halle Barry que os traços da Whoopi. É o mesmo mercado da imagem que coloca negras como Michelle Obama a Oprah entre as maiores consumidoras dos desejados cabelos (lisos) indianos usados nos apliques que uma porção considerável de negras americanas compram a peso de ouro. Tem gente que acredita que não é a cor, nem o nariz ou os lábios, o que pega na imagem comercial de negras, mas o cabelo. Segundo o documentário “Good Hair” do Chris rock, um numero considerável de negras americanas que rejeitam seus cabelos próprios como “ruins” e acreditam que usá-los ao natural é prejudicial a própria imagem delas. No ocidente, beleza é tentar imitar o padrão dominante? Talvez.