Conte nos dedos. Quantas vezes você já viu uma pessoa gorda em uma capa de revista? Agora, conte de novo. Quantas vezes você viu uma pessoa negra? E quantas vezes você viu alguém negro e gordo? E uma mulher negra, gorda e considerada feia? Pouquíssimas. Talvez nenhuma.
No momento, a polêmica é a capa da "Elle", que estampa a atriz Gabourey Sidibe, do filme "Preciosa". A moça está em uma pose fora da habitual da "Elle". Em geral, as moças aparecem de corpo inteiro. No caso de Gabourey Sidibe, só podemos ver seu rosto. O pior: a revista está sendo acusada de ter clareado o a pele da atriz! Assustados? É para ficar mesmo. Mas isso está longe de ser inesperado no mundo das celebridades e das revistas.
Esse é um mundo onde dar capa para uma pessoa negra, ainda é exceção. E onde ver uma mulher gorda com o mesmo destaque é praticamente um milagre. Pense de novo: quantas mulheres gordas você já viu na capa de revistas de moda? Nenhuma?
Existem alguns "milagres". A cantora Beth Ditto causou furor ano passado ao posar nua para a revista moderninha inglesa "Love". Beth já furou muitas barreiras, já que também foi capa (também nua) da revista de música "NME". Bem, não era para ser considerado um feito e tanto uma cantora de talento, de uma banda badalada como a dela, o Gossip, ir parar em uma revista de música, não é? Mas o triste é que, como Beth é gorda, isso vira uma atitude "revolucionária".
Ver mulheres negras em capa de revista é mais comum do que ver gordas. Mas também é algo que ainda vira noticia. Como aconteceu quando Beyoncé esteve na "Vogue". E a capa da primeira dama dos EUA Michelle Obama para a mesma "Vogue" causou comoção. Não só por ela ser primeira dama dos EUA, mas também por ela ser negra. Michelle já estampou várias capas de revista. Vale lembrar que ela é linda, elegante. E, claro, magra.
As moças que estampam as capas das revistas, principalmente as de moda, continuam sendo muito magras. E também muito jovens. E essa ditadura não parece que vai acabar assim, tão cedo. A atriz de "Preciosa", só por chegar até a "Elle", já pode ser considerada uma heroína. Claro, a gente pode torcer pelo dia em que ela sairá com o mesmo tratamento dado para as outras atrizes e fazer barulho para que isso aconteça. Mas tudo indica que esse tempo ainda vai demorar. O que é triste.
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
(http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/800922-comentario-quantas-vezes-voce-viu-uma-gorda-em-capa-de-revista.shtml)
4 comentários:
O preconceito é algo que tem que ser combatido com atitude. Essa capa da Elle foi algo inesperadamente encorajador e deveriam levar isso como exemplo.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
Descordo um pouco das palavras usadas pela colunista, a questão vai bem além do que ela chama de "milagre" e talvez essa não seria a melhor palavra a ser usada ou então ela escrever que a a atriz "é feia e gorda", mas achei interessante colocar o texto na integra sem cortar nenhum trecho para que as pessoas sintam como é tratada a tal da questão racial, o que não diferencia em nada daqui do Brasil, talvez aqui a questão ainda seja mais acentuada.
Daí, quem vê essa capa da Elle chega a pensar que "as coisas estão melhorando" pra gente. =/
Que linda capa! O filme "Preciosa" é lindo e comovente, embora très triste.
BjO*
Postar um comentário