apenas eu.

Minha foto
"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm." (1 Coríntios 10:23a)

transeuntes.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Meu novo projeto.

História dos mais velhos.
Uma auto-biografia da Família Dias

Prefácio

O meu projeto nasceu da curiosidade que eu sentia de saber a verdade sobre a minha família. Como no livro do Alex Haley, “Negras Raízes” que acabara de ler há poucos meses, onde ele consegue através de uma ampla e vasta pesquisa recuperar fatos e descobrir as sete gerações passadas da sua família, desde quando existiam antepassados seus vivendo em aldeias distantes na África, passando pelo roubo de um deles pelo tráfico de escravos da América, a vida dos familiares como escravos já no Ocidente até a sua geração, quando já havia sido declarada a lei anti-escravagista. No entanto ele contou para isso com ajuda de documentos históricos das bibliotecas do governo da América e tantas outras espalhadas pelo país, onde encontrou uma pista para começar sua pesquisa genealógica e em seguida foi para a África conversar com velhos griots contadores de histórias reais sobre o povo das aldeias:

“Eles me contaram então algo que eu nunca antes imaginara. Existiam homens já muito velhos, chamados griots, ainda encontrados nas aldeias mais atrasadas, verdadeiros arquivos vivos e ambulantes de história oral. Um griot mais antigo era um homem em torno de setenta anos. Abaixo dele, havia griots cada vez mais jovens, até meninos aprendizes, que passavam quarenta ou cinqüenta anos ouvindo aquela narrativa, antes de se tornarem griots veteranos também. Só em ocasiões especiais é que um griot veterano contava suas histórias de aldeias, clãs, famílias ou grandes heróis. Por toda a África, essas crônicas orais vinham desde os tempos dos mais remotos antepassados. Havia alguns griots lendários que poderiam narrar aspectos da história africana durante três dias seguidos, sem repetir coisa alguma.” (Haley, Alex – pág. 630)

Fico extremamente triste porque o Brasil não possui documentos tão precisos da entrada de escravos ou qualquer documentos parecido e com isso jamais poderia eu realizar uma pesquisa dessa dimensão mesmo que eu quisesse. Não teria como e nem por onde começá-la, saber só que meus antepassados foram vendidos para uma tal família de sobrenome Dias não adianta muita coisa.
Resolvi então usar dos instrumentos ou pessoas que tenho a mão e com fácil acesso. As pessoas mais velhas da minha família eram meus avós maternos ambos falecidos já há alguns anos. Deixo claro que a Família Dias é minha família materna, uma vez que, a família paterna eu não conheço, meu pai não quis assumir a gravidez de minha mãe sumindo logo após saber da gestação.
Por não ter pensado antes em escrever os relatos/histórias que meus avós contavam quando estavam ainda em vida (talvez na falsa ilusão de que eles viveriam para sempre) resolvi agora colocar em prática.
Meus avós adoravam contar “CASOS” de suas vidas. Eu me lembro de alguns com certa imprecisão mas me recordo. Agora a pessoa mais velha da minha família é a Tia Célia com 58 anos e vez ou outra está me contando algo sobre sua vida e a vida de nossos familiares (e não só entrevistarei e resgatarei relatos dela mas de todos os familiares na medida do possível, afinal todos fazem parte mas ela quem contará a maior parte da história). Bem como aconteceu hoje, estávamos vendo uma desenho animado com a Elisa e ela começou a narrar como era a vida antes da televisão, o que faziam para ver algum desenho na TV e nesse momento eu tive um start e porque não começar agora a escrever sobre minha família? Pensei e logo quando vi já estava fazendo pequenas anotações, lhe fazendo várias perguntas e tão rápido peguei meu notebook e comecei as transpassar para a máquina as três histórias iniciais que me contara (será os três primeiros capítulos mas ainda sem ordem cronológica). E lhe disse brincando que agora ela não pode querer deixar esse plano astral sem antes me contar tudo que sabe! Espero firmemente que meu projeto de escrever a história de nossa família chegue até o fim sem acontecer nada que nos impeça de realizá-lo.
Ela reside comigo e com minha filha Elisa e será a pessoa a me relatar os “CAUSOS” ou as histórias da Família Dias que se recordar. Tentarei entrevistá-la de maneira que se recorde o mais longe que conseguir e se puder buscar lembranças de outras gerações usando também a lembrança dos “CAUSOS” que sua avó contava a respeito de seus pais e seu avós.
Em a “História dos mais velhos” com a narrativa de Célia Aparecida Dias filha mais velha do casal Maria José de Oliveira Dias e Adelino Dias, irmã de Ivan, Ivanir, Ivone e Elisabete Dias (nessa mesma ordem foram seus nascimentos). A história terá momentos de muita tristeza com a família passando por várias necessidades como também terão momentos de muita alegria depois de passados todos os empecilhos e dissabores assim como acontece em toda família.
Resolvi escrever para que a história se perpetue assim como os griots o faziam e fazem até hoje. Para que a história não se perca nem morra junto com seus principais atores.
Continua...


PS: É possível que esse projeto possa virar um livro quem sabe, mesmo não me considerando muito capacitada para tal. Aguardemos.

6 comentários:

Raquel disse...

Gostei, acho que tem tudo para virar um livro sim.


Se quiser eu posso passar o contato do pessoal da editora Quilombhoje que editam os cadernos negros, o Edson fez um trampo para eles............


Parabéns pela iniciativa nega porreta.
Raquel Quintino

Alan disse...

Oi Camila , tudo joia?

Então , li o seu e-mail com muita atenção , e me chamou atenção quando você se referiu a Negras Raizes (ROOTS) de Alex Haley, posso lhe dizer que tenho essa obra prima e ainda leio de vez em quando.
Sobre o livro , trata-se de uma pesquisa monstro de 12 anos e muitas viagens de Haley para a Africa - inclusive de navio e trancado no porão em meio aos ratos, que segundo o próprio Alex, serviu de ajuda e inspiração ao escrever sobre a viagem dos escravos da Africa até a América -, e bibliotecas de grande porte em várias universidades por todo o mundo. Haley era secretario de Malcom X, e teve todas as inspirações possíveis para realizar tão gigantesca obra , que virou seriado nos Usa.

Acho muito legal que essa obra seja o ponto de partida do seu projeto, e tenho certeza que você conseguirá tocar uma pesquisa e tanto, pois você é muito capaz e possui grandes exemplos , inclusive dentro do axé temos um exemplo fenômeno que , pra mim se equivale ao exemplo que Alex teve !
Seja feliz em seu trabalho ,parabéns e tenha muita paciência e determinação.

Forte Abraço.

Seu irmão , Alan.

Ni disse...

adorei seu novo projeto...
raízes devem ser conhecidas!
sorte na empreitada e na nova fase de trabalho!
te amo pretinha,
axé!
ni'zinga

GIL ROSZA disse...

adorei o projeto, mas se prepara pra ter mto trabalho viu?
Segundo a antropóloga americana Mary karasch, os dados sobre famílias de negros no Brasil anteriores ao século 20 são pouquissimos porque o governo brasileiro representado pelo senhor Ruy Barbosa por ocasião da abolição mandou queimar todos os documentos de registro de escravos. Por isso, pra escrever um livro sobre a historia dos escravos do Rio de Janeiro, ela teve de morar 40 anos no Brasil trabalhando e tentando resgatar documentos que não foram queimados até que pudesse concluí-lo.

Thaissa Costa disse...

Eu coloquei um link do seu blog em minha página. OK?! Beijão

Célia Maira disse...

OIE! TD BEM COM VC?
Achei ótima essa idéia!!!! parabens pela iniciativa... e espero que ñ demore muito esse projeto a se transfomar num livro,rsrsr.
Acredito em vc e na sua capacidade e vc tbm deveria acreditar nesse projeto sim, boa sorte!!
A história da sua família documentada! MARAVILHA!!!!!!!
BJSSSSSSS, FICA COM DEUS.