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"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm." (1 Coríntios 10:23a)

transeuntes.

sábado, 19 de junho de 2010

Plácido, tácito, tenro, um verdadeiro estardalhaço.

Ela estava agitada. Por dentro tudo se mexia como se estivesse dentro de um liquidificador, mas por fora, tudo fluia normalmente na mais calma e tenra espontaneidade que os seres humanos costumam ter mesmo diante de toda a contradição mundana. Tensa, agitada, um dia anacrônico, em nenhum momento se sentiu tácita, suas púpilas estavam dilatadas e o dia, ah o dia! era cinza cromado. O menor ruído lhe soava nos ouvidos e na alma como um estardalhaço, num barulho ensurdecedor que lhe estremecia. Se perguntava como e porque se sentira assim. Motivo aparente havia alguns dois ou três mas todos remediáveis. O que lhe incomodava era bem maior que esses motivinhos tolos que com meia dúzia de voltas ela resolveria facilmente, era bem maior mas ela não conseguia distinguir o que era. Pensou um pouco mais, as sensações continuavam a crescer. Leu um pouco, assistiu qualquer coisa que passava na televisão. Tomou água porque quando está assim sente muita sede. Tirou a roupa lentamente (poderia ter essa impressão quem a observasse), fantasiou até um voyeurismo tolo e imbecil, pois, ninguém estava por perto, deitou e dormiu angustiada e sem ter contato nenhum com o mundo exterior.

4 comentários:

GIL ROSZA disse...

Duka! o tipo de prosa que se come usando garfo e faca. merece guardanapo de linho bem passado e pra beber, vinho tinto.

GIL ROSZA disse...

rsrsr. quando vc fala em ceu cinza cromado, pensei logo em budapeste. o livro tá aqui do lado. o jorge costa achava que budapeste fosse assim, cinza, mas descobriu ao chegar lá que a cidade era amarela!

Camilla Dias Domingues disse...

eu tô com o filme aqui já faz quase um ano, comprei e já tentei vê-lo umas três vezes mas sempre que começa acontece algo e tenho que desligar o aparelho, nunca passei da cena do casal brigando, deve ser bem a primeira cena! rsrs...

Vanessa Souza disse...

Não ter contato com o mundo exterior, vezenquando, é bom demais.