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"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm." (1 Coríntios 10:23a)

transeuntes.

domingo, 1 de março de 2009

Suportando o meio-tempo com resiliência.

Acordei sem nenhuma vontade de trabalhar. Pensa! trabalhar no domingo num sol de 30º graus quando eu poderia estar sentada na calçada de um botequinho vestindo meus óculos de sol e uma bermuda básica, degustando não só a boa cerveja nacional trincando de tão gelada mas também a companhia de agradáveis amigos, boas conversas e prazerosas risadas.
Enfim... fui! mas também levei a minha companheira flauta. Eu já disse infinitas vezes que domingo é pura ociosidade naquele lugar de labuta mas eu falando e o burro cagando... qualquer semelhança é mera coincidência!
Meus companheiros de trabalho saíram para o percurso rotineiro e eu fiquei incumbida de ficar na sede, estudei um pouco de música mas meu cansaço se fez maior, cansaço de trabalhar em dois empregos e ter uma vida social ínfima ou imperceptível a olhos nus, encostei minha cabeça sobre a mesa do computador e tirei um singelo cochilo, quando de repente entram dois Guardas Civis Municipais e acordam a bela cinderela preta. Acordei e comecei a pensar que desde alguns meses venho suportando todos os meu desabores com total resiliência.
Os colegas retornaram e nós começamos uma conversa, uma boa conversa, lembranças dos tempos de criança, dos "causos" que nossos avós contavam. Senti saudade dos meus avós por conta disso, meu coração ficou apertadinho de tanta saudade, saudade inclusive do pastel que minha avó fazia tão bem e que em minha gestação senti muita vontade de comer - minha boca enchia de água só de pensar - e infelizmente ela já não estava mais comigo para poder fazê-lo.
Pronto! tarefa cumprida ou cumprida a contra gosto... término de plantão e expediente, deu meu horário, ainda consegui pegar uma carona com o motorista e um colega de trabalho que estavam indo levar algumas pessoas para o Albergue Municipal (o "mestre" - como nos referimos ao motorista - ele é ótimo, una persona bem grata perante toda a equipe). Cheguei em casa alguns minutos mais cedo que o habitual, liguei meu computador, coloquei "Enya" para tocar no rádio, acendi um incenso, conversei um pouco com algumas pessoas que estavam online, me deitei e comecei a ler um livro. Chorei. Novamente adormeci e só acordei agora.
Minha vida está sendo pensar, pensar e pensar. Estou no meio-tempo, onde preciso renunciar algumas coisas, pessoas e situações para que possa abrir caminhos para outras; momento em que continuo a fazer a limpeza na minha casa interior; encontro com a minha alma; solidão; momento de perdoar, de jogar fora o que não serve mais; é a quebra de padrões de comportamento; encontro ainda maior com a minha espiritualidade, rezar, pedir força; contato comigo mesmo e com as experiências já passadas relacionando-as a reflexão sobre o que vem acontecendo comigo no presente; manifestação das emoções e o não embate com a exteriorização dos meus sentimentos; questionamento das minhas ações e reações diante do mundo exterior; questionamento sobre o que eu espero de mim, das pessoas e do mundo quando de trata de amor, relacionamentos e profissão; reconstrução do meu amor-próprio; aprendizado, como lidar com a perda das pessoas; questionamento quanto as minhas verdades; perguntas e mais perguntas, incertezas, confusão. O meio tempo é a pura reflexão a respeito da minha vida.
Chego a pré-conclusão de que faz-se necessário novos horizontes, tanto na área profissional como amorosa. Há tempo venho pedindo para que me despenssem no trabalho, mas sempre escuto uma desculpa diferente, querem me vencer pelo cansaço e eu não estou cedendo, preciso da grana da recisão, tenho planos e por isso estou sendo resistente, mas considere que o cansaço e o desgaste se fazem presente. Há tempos venho tentando tomar a decisão de renunciar ao meu amor mas sentia medo, então pensava: "se ele o fizer será mais fácil para eu aceitar, afinal quem não vai querer mais o relacionamento é ele" e o que significa esse pensamento? Que eu queria me isentar de qualquer culpa que pudesse recair sobre mim, bem mais fácil o outro tomar decisões por nós, sentia medo, medo de ficar sozinha, medo da carência, medo da minha necessidade de ter alguém, medo da solidão. E vejam! eu consegui! o outro tomou a decisão por mim após um desvio de conduta que eu tive, inconscientemente dei a brecha que ele e eu queríamos para que tudo terminasse, afinal nós já estavamos no meio-tempo há algum tempo mas ninguém tinha coragem de falar.
Todas essas situações vem fazendo com que cada dia eu me conheça mais um pouquinho e a perceber que estou subindo alguns degraus na casa da minha vida. Por isso digo que venho suportando tudo com resiliência. Ainda estou dizendo coisas a mim e as pessoas que não são verdade, estou no meio do caminho. Sei o que devo fazer só não sei como fazê-lo. Neste momento a verdade é essencial, só devo dizer as coisas que sinto, não posso me trancar novamente no porão. As coisas ainda não fazem muito sentido de ser e acontecer mas estou no busca de entendimento e sentido para elas.
Estou tendo muita paciência comigo e com os meus sentimentos, estou confiante da mudança, lógico que de vez enquando eu sinto muita raiva de tudo isso, das pessoas e de mim mesmo mas logo volto ao ponto de partida e lembro "estou no meio-tempo, buscando meu entendimento e de tudo que venho passando, sendo assim, esses setimentos são normais", de fato não está sendo fácil. Venho chorando muito, coração apertado e a cabeça não pára um segundo.
O desprendimento das coisas que não nos fazem bem mas fazemos forçosamente durante algum período com que façam é doloroso, afinal eu passei a acreditar piamente que tais coisas me faziam bem, e agora repensando tudo sei que não fazem e que não tê-las é a melhor solução pelo menos no momento e se não for para tê-las novamente mesmo assim saberei o que fazer e o que não fazer com as próximas que virão. Meu trabalho não está me fazendo bem, meu relacionamento não estava me fazendo bem e se mesclar estes dois problemas eu posso dizer que eu não existo, que sou um poço de problemas que carrega seus probleminhas e assim sucessivamente, mas também como já venho dizendo há algum tempo, não quero me colocar na condição de vítima e nem me culpar...
Estou na busca pela resolução dos meus problemas mais íntimos, estou confiante, já sei o que tenho de fazer só preciso encontrar os meios para realizar. Tudo parte da condição de assumir o que te faz mal e o resto é consequência.


"A paciência é o elixir da cura para a melancolia do meio-tempo"
(Iyanla Vanzant)


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