Estava eu atrasada para pegar minha filha na escola. Primeiro fiz uma ligação importante no orelhão. Fui para o ponto de ônibus, de costas estava uma moça loira mas não reconheci, só quando ela se virou que demos por conta, gritamos juntas: - amiga! muito tempo que não nos víamos, essa participou de momentos tensos na minha vida, pensei comigo.
Cheguei atrasada e logo que vi minha pequena Elisa sair no portão da escola a abracei e disse que amava, talvez para poupar que o barulho dos carros um dia nos atrapalhe.
O ônibus chegou, demos sinal e adentramos, horário de pico, coletivo bombando, muvuca. Fomos colocando a conversa em dia, falamos sobre o dia-a-dia já que não nos víamos há tanto tempo, relembramos o passado, as festas, falamos bem de algumas pessoas e mal de outras, trocamos telefones, combinamos algo e eu pensei comigo agora não perderemos mais contato, mas sabe que eu não estava bem certa disso, sei lá a vida tem tantas ídas e vindas... continuei a caminhada rumo à escola. Passei no mercado e comprei um salgadinho para não chegar com as mãos abanando ou correr o risco de ter que voltar porque a criança adora salgadinho de bolinha com cheiro de chulé.
A rua da escola é uma subida, lá no topo haviam 3 pessoas no portão de uma residência e descendo a rua uma moça de aproximadamente uns 27 anos, mas ela não escutava o que uma senhora lá de cima naquele grupo dizia. Ela gritava e abanava as mãos dando tchau para a pessoa no topo do morro, enquanto isso eu ia me afastando da moça e chegando mais perto da pessoa que gritava e gesticulava algo também. Quanto mais perto eu chegava mais nítido iam ficando os signos, sons e as palavras da senhora que provavelmente era a mãe da moça.
Finalmente consegui escutar o que a senhora dizia, e então me percebi no meio de tal dialógo disforme ou talvez não entendível. Sim, indiretamente eu estava fazendo parte daquilo, eu senti que estava e precisava fazer algo, possivelmente dar forma àquele diálogo. Era a senhora no topo, eu no meio e a moça logo mais abaixo. A senhora gritava para a moça que a amava mas ela não escutava e eu me senti no dever de reproduzir o que ela queria falar àquela moça que supostamente poderia ser sua filha. Então eu me virei para baixo e disse com um tom mais alto de voz: -Ela está dizendo que te ama! A moça me agradeceu e respondeu a mãe com outro grito que também a amava, acenou com as mãos, virou-se e foi embora.
Com certeza a senhora não tenha escutado o "eu também" mas eu me senti aliviada por ter ajudado naquela declaração explícita de amor entre mãe e filha; imagina se algo acontece e a mãe não conseguiu dizer a filha que a amava pela última vez e a filha perderia a oportunidade de escutar que sua mãe a ama mesmo que este amor naquele momento não se fizesse compreensível por conta do barulho dos carros.A rua da escola é uma subida, lá no topo haviam 3 pessoas no portão de uma residência e descendo a rua uma moça de aproximadamente uns 27 anos, mas ela não escutava o que uma senhora lá de cima naquele grupo dizia. Ela gritava e abanava as mãos dando tchau para a pessoa no topo do morro, enquanto isso eu ia me afastando da moça e chegando mais perto da pessoa que gritava e gesticulava algo também. Quanto mais perto eu chegava mais nítido iam ficando os signos, sons e as palavras da senhora que provavelmente era a mãe da moça.
Finalmente consegui escutar o que a senhora dizia, e então me percebi no meio de tal dialógo disforme ou talvez não entendível. Sim, indiretamente eu estava fazendo parte daquilo, eu senti que estava e precisava fazer algo, possivelmente dar forma àquele diálogo. Era a senhora no topo, eu no meio e a moça logo mais abaixo. A senhora gritava para a moça que a amava mas ela não escutava e eu me senti no dever de reproduzir o que ela queria falar àquela moça que supostamente poderia ser sua filha. Então eu me virei para baixo e disse com um tom mais alto de voz: -Ela está dizendo que te ama! A moça me agradeceu e respondeu a mãe com outro grito que também a amava, acenou com as mãos, virou-se e foi embora.
Cheguei atrasada e logo que vi minha pequena Elisa sair no portão da escola a abracei e disse que amava, talvez para poupar que o barulho dos carros um dia nos atrapalhe.
4 comentários:
Porra que texto bonito hein preta ! animal, beijo aí.
Citando uma pessoa querida que posta aí em cima: Bonita pra porra essa história.
Fiquei pensando se já perdi uma oportunidade como essa... ou se vou perder...
aí que bonito Preta!
obrigada, obrigada!
faço o bem não importa a quem, a boa ação de hoje foi feita!
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