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"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm." (1 Coríntios 10:23a)

transeuntes.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Infância que não foi perdida.

Uma semana na casa nova. A internet só foi instalada hoje e isso depois de mais ou menos umas quinze ligações e muitas informações sobre o assinante da linha. Está tudo meio bagunçado ainda, encaixotado, só o que consegui colocar em ordem foram os livros na estante nova que comprei e meu guarda-roupa. O pedreiro ainda se faz presente na obra e por sinal faz também sujeira, bagunça e barulhos irritantes que me dão arrepeio, fica alisando a parede com a massa fina como se fosse a bundinha da Sra. sua esposa, de repente ele pára analisa e vê que ficou ondulado e volta a alisar novamente isso tudo às 07h00 da manhã, ninguém merece. Construção é foda! e ainda temos mais cômodos sendo construídos acima, será um sobrado. Está ficando tudo muito bonitinho mas na boa enche o saco não poder andar de meias no chão e depois deitar na cama porque enche o lençol de areinhas.

Ainda quando entro e não vejo mais aquela casa que morei minha vida inteira ainda me dói o coração, não me adaptei, olho e consigo visualizar cada cômodo da antiga casa. Agora são só escombros, restos de tijolos e terra. Quando a casa foi demolida eu chorei com todo sentimento, estava indo ao chão também todos os momentos que vivi ali, todos virariam a partir daquele momento lembranças.

Lembrei dos meus avós, da avó Zezé na beira da mesa chupando laranja-lima e do avô Adelino de boina escutando radinho de pilha debruçado na mureta da varanda, da família reunida nos almoços de domingo e que depois com o falecimento de ambos isso se tornou esporadico, a casa nunca mais ficou cheia, e mesmo que estive não estava.

Lembrei das tardes da minha infância quando se podia brincar na rua até tarde sem perigo da violência que hoje limita nossos filhos a não passarem do portão, as brincadeiras de pega-pega, esconde-esconde, mão na mula, marreta, jogos de futebol com golzinho, dos jogos de vôlei com a rede amarrada no portão dos vizinhos, os pipas, a bicicleta e os patins.

Lembrei do meu primeiro beijo, quando tive que dar aquela volta no quarteirão e ele veio de um lado e eu de outro, foi um beijo rápido e estranho, aquela língua, eu tremia dos pés a cabeça e depois saí correndo feito uma maria da horta e entrei esbaforida dentro de casa. Quantos planos precoces e platônicos não foram feitos depois disso e durante toda minha adolescência sentada na escadinha da varanda. E os amassos na garagem, coisa de hormônios a flor da pele.

Da minha casa eu escuto os gritos dos alunos e a torcida, são os jogos interclasses, na minha época também era assim eu fui capitã dos meus times de handboll e quantas vezes não fomos campeãs. Tenho as medalhas rústicas até hoje. Fiquei mesmo feliz quando meu professor de Geografia que também era de Educação Física me indicou para o time da cidade (eu joguei no Santo André) e não precisei nem fazer peneira, cheguei e o técnico disse: -se você foi indicada por ele eu confio!, mas não durou muito tempo, porque eu conheci meu amigo cigarro, meu condicionamento físico caiu e eu desisti do esporte.

Lembro das noites e madrugadas em que passamos sentados - eu e meus amigos - na esquina tocando violão, cantando, bebendo vinho da Adega do Ticão e conversando, tempos bons e de pouca responsabilidade.

Lembro quando entrei com minha filha nos braços pela primeira vez naquela casa, era um novo membro que faria parte dela e nos traria alegria. Era vida novamente àquela casa.

São tantas histórias para contar desse lugar que vivo desde que nasci que sou capaz até de me perder nos detalhes, agora só preciso me readaptar, sei que já não faço mais parte desse lugar, nem desse contexto periférico, dessas pessoas mas por enquanto é o que tenho.

3 comentários:

Indianara Ànrèré disse...

Santa memória hein rs rs rs

Pelo começo, pedreiro é uma zica em qualquer circunstância, aquela poseira do cão, aquele estranho o dia todo na sua casa que pra ajudar ainda erra a mira da privada kkk Pau Torto (Se é que existe reto kkk)

Me lembrei do meu 1° beijo que Zica, lá no CEAR, aos 11 anos os moleques que subiram no vestiário pra ver e zuar,eu que que queria e não queria, aquela lingua estranha ahhh odiei, acabamos por namorar depois que tbm foi uma Zica (Bem que minha mãe avisou ja dizia Jorge Ben)

Realmente amolecada de hoje não sabe o que é bom, brincar na rua, cair se ralar todo e fazer tudo de novo amanhã, mesmo mancando, mão na mula era tudo de bom, ainda mais os 3 ou 10 chutes do Pelé, Escrever carta pra Vovó, kkk eu zuei viu.

Que tempo bom que não volta nunca mais!!!

Obrigada por me fazer relembrar...

Bjins

Indianara Ànrèré disse...

A esqueci!!!

Parabéns, pela casa nova, nada como ter um cantinho só nosso.

Por enquanto me contento com uma quarto, mas um dia quando crescer vou querer ter uma casinha que nem você

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Camilla Dias Domingues disse...

de nada e obrigada pretinha!